Violante de Cysneiros: o outro lado do Espelho de Armando Côrtes-Rodrigues?
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Violante de Cysneiros: o outro lado do Espelho de Armando Côrtes-Rodrigues?
Violante de Cysneiros, de quem Pedro Paulo Câmara trata extensiva e minuciosamente neste livro, é o nome próprio da personagem única de uma ficção literária (a que Fernando Pessoa chamaria “maravilha subtil de criação dramática”) apresentada em Junho de 1915, em Lisboa, no segundo número da escandalosa revista Orpheu, órgão efémero do primeiro movimento modernista português. Vinha identificada na própria revista como “um anónimo engenho doente” (sic) ou, mais especificamente, como “um anónimo ou anónima que diz chamar-se Violante de Cysneiros” (id.), autor de oito “belos poemas” (id.) sensacionistas, ali publicados e assinados com aquele nome próprio. O autor empírico desses poemas, sabemos hoje que era (aliás, cedo se viria a descobrir) o poeta açoriano Armando Côrtes-Rodrigues, que já tinha assinado ortonimamente cinco outros poemas (de uma outra maneira também“ sensacionistas”), no primeiro número da mesma revista, publicado três meses antes.
Este caso de ficção literária só recentemente veio a despertar o interesse da erudição e crítica literárias. Veja-se, por exemplo, a aturada investigação e interpretação do caso Violante de Cysneiros (porventura mais do que a poesia e a prosa dela) de especialistas como Anna M. Klobucka, Ana Maria Binet, Anabela Almeida, etc., e agora este longo e apurado estudo de Pedro Paulo Câmara, com a sua tese de mestrado apresentada na Universidade Aberta de Lisboa.
Neste ensaio, certamente o mais extenso e documentado sobre o “caso” e a obra de Violante de Cysneiros, o autor percorre exaustivamente a obra dispersa em verso e em prosa do poeta e procura, através da sua diversidade, surpreender a unidade de um — o — autor real: Armando Côrtes-Rodrigues. O seu (de Violante) “profundo conceito de vida” (…), gravemente atento à importância misteriosa de existir”, como diria Fernando Pessoa a respeito de cada um dos seus diversos heterónimos, é, afinal, o de Armando Côrtes-Rodrigues, ou seja: “Violante assume, regra geral”, escreve Pedro Paulo Câmara, “as mesmas propriedades de Côrtes-Rodrigues na abordagem dos diversos temas, na perspectiva que expressa sobre o espaço, o tempo, os ideais religiosos e sociais e a própria existência”.
EDUÍNO DE JESUS
Autor: Pedro Paulo Câmara
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Licenciado em Português-Inglês, pela Universidade dos Açores, com Curso de Especialização em Estudos Interculturais — Dinâmicas Insulares, também pela Universidade dos Açores, é professor desde 2003. É Mestre em Estudos Portugueses Multidisciplinares, com a dissertação “Violante de Cysneiros: o outro lado do Espelho de Armando Côrtes-Rodrigues?“. É autor de Perfumes (Poesia, 2011); Saliências (Poesia, 2013), Cinzas de Sabrina (Romance histórico, 2014), Na Casa do Homem Sem Voz (Poesia, 2016) e Contos da Imprudência (Prosa, 2020), tendo participado, ao longo dos anos, em diversas colectâneas. É vice-presidente da Associação Internacional dos Colóquios da Lusofonia, de que faz parte desde 2015. É, desde 2017, Académico Correspondente da Academia de Letras e Artes de Portugal; desde 2018, Académico da Sociedade Brasileira de Poetas Aldravianistas e, desde 2020, membro do PEN Clube Português.
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