Correspondência entre Joaquim de Araújo e os Irmãos Ernesto e José do Canto

As cartas trocadas entre o poeta-diplomata penafidelense Joaquim de Araújo (1858-1917) e os irmãos José do Canto (1820-1898) e Ernesto do Canto (1831-1900), agora dadas à estampa, dão a conhecer, ao grande público, três personalidades de grande fulgor e erudição, que marcaram o panorama cultural português de finais de oitocentos. A sua leitura vem lembrar, não só a importância dos irmãos Canto, na fundação da moderna historiografia açoriana, destacando o seu carácter altruísta, filantropo e a sua participação ativa na construção da memória coletiva dos Açores, bem como na dinâmica cultural e literária portuguesa do final do século XIX. Virgílio Vieira presta, assim, um grande serviço aos estudos literários, trazendo a lume, o intercâmbio cultural, as ideias e motivações que estiveram na base de estudos sobre temas camonianos e anterianos, bem como da nossa História; dando conta de publicações nacionais e estrangeiras, produções poéticas, artigos, recensões, ensaios e outros, atinentes, maioritariamente ao nosso épico, que estes homens amantes do Saber, partilharam entre si. Esta correspondência recupera ainda a memória de Joaquim de Araújo (1858-1917), figura de relevo no panorama literário e cultural de então, permitindo reconstituir a rede de sociabilidade em que se inseria e as diversas atividades intelectuais que empreendeu, no continente e ilhas (destacando-se o seu contributo para o incremento da camoniana de José do Canto), recolocando-o no púlpito que foi seu, não só enquanto referência de vulto para os talentos da novíssima geração, mas também como mediador cultural incansável, aquém e além-fronteiras, resgatando-o do esquecimento.

Maria Amélia Ferreira Peixoto Maia

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