Que grande peregrinação!

Foi necessário uma longa viagem temporal para que Gente do Pico surgisse como livro acabado. Entre 2017 e 2022! Foi tempo de doenças, mortes, desilusões, mas também de nascimentos, casamentos, sonhos, alegrias. Foi tempo de muitas noites e dias de escrita solitária, quando as «personagens» ainda eram seres longínquos e indiferentes ao meu sentir. Outras horas houve de partilha com as pessoas biografadas que, mesmo mortas e ausentes fisicamente, se tornavam presentes e dialogavam comigo intimamente, despertando empatias que remetiam para o esquecimento aspetos de vida dos biografados menos briosos ou menos intrigantes.
E a peregrinação a nível de espaço não foi mais curta.
Efetivamente, a escrita circunscreveu-se a cerca de oitenta biografias de pessoas nascidas no concelho das Lajes, da Ribeirinha a S. João, passando pela Piedade, Calheta, Ribeiras e Lajes. Mas o espaço de investigação não se limitou à pequenez geográfica desse concelho do Pico. Estendeu-se. Foram dias e dias de viagens em leituras entre os Açores e o longínquo Oriente ou, virando rumo a ocidente, expandindo-se pela recôndita Columbia Britânica e pelo efervescente Rio de Janeiro, do início do século XX. Depois o Brasil, a Califórnia, o Canadá, o Continente Português, os Açores foram vistos e revistos em páginas de jornais, revistas, internet, fotos, catálogos, conversas presenciais, «facebooquianas», telefónicas… livros de diversa natureza.

Este Gente do Pico nasceu e fez-se assim!

——